Quando se recebe ou se tem suspeitas de um caso de autismo, regra geral
inicia-se uma busca por tudo aquilo que possa ajudar e muitas vezes caímos no
erro de por impulso tomar decisões menos acertadas, mas isto acontece com toda
a gente, certo? Bem de entre milhares de soluções (estou a exagerar obviamente),
foi-nos sugerido um cão para a nossa Verónica mais concretamente um Labrador
pois seria supostamente a “raça” indicada para o autismo. Bem, nós já tínhamos o
nosso cão, o Max, um Pastor Alemão super leal e até bastante calmo e super
protector mas que não despertava interesse na Verónica. Era como se ela ignorasse
completamente mas como bem sabemos todos aqui, esta é uma das principais características
do espectro, a não interacção. Quando comentava com pessoas acerca do tema de
um novo cão, todos sugeriam o Labrador e apenas uma pessoa sugeriu um novo
Pastor Alemão, acontece que nós não queríamos ter mesmo outro cão mas acabamos
por ceder, não foi difícil, bastou apenas eu segurar e tocar num cachorro. Em
relação aos animais, sou pior que os miúdos que mexem em tudo o que não devem
só porque são atraídos por algo, senti uma necessidade de o trazer para casa,
para fazer parte da nossa família com a possibilidade de ele estimular a
Verónica. Estava tão mas tão longe da realidade, ela não interagia com ele o
Ty, ele só tinha interesse em andar atrás de mim ou de comer, era e é tão bruto
que passa até por cima da miúda como se deixasse de a ver. Claro que não tem
maldade nenhuma, é completamente desnorteado e até nos dizem que ele é
hiperactivo. Tentámos claro várias coisas, estava fora de questão de aceitar
sugestões de que ele deveria ir para uma quinta ou outro sítio qualquer, se é o
elemento da família só tem de estar junto da família, não temos nós todos
defeitos? A veterinária, disse que assim como nos humanos há cães que têm
também perturbações mentais e que claramente ele teria alguma mas nada de
grave, boa era só o que me faltava, pensei na altura. Depois disse-me que tinha
sido enganada no sentido que ela não aconselha esta raça para crianças como a
Verónica, existe raças bem mais adequadas e claro existe a hipótese de se obter
um cão já treinado mas além de ser caro tem de se esperar como se fosse uma
encomenda quase exclusiva…..bem nós tínhamos dois cães, não íamos ter um
terceiro de certeza.
Continuamos na nossa vida normalmente, e passado algum
tempo o nosso Max ficou gravemente doente e acabou por não resistir à doença, decidimos
pela eutanásia devido à agonia em que ele estava mas quando veio se despedir da
família morreu serenamente junto de mim, gosto de pensar que foi um acto de
generosidade dele para comigo pois eu tinha lhe prometido que ficava com ele
até ao último suspiro…..até ao último suspiro Max! Foi talvez a pior coisa que me aconteceu na
vida, ter perdido o Max, embora muitos não possam compreender como me relaciono
com os animais quem me conhece sabe que para mim eles são família, logo a perda
é um monstruoso vazio que jamais será preenchido….o Max era mesmo um cão muito
especial e cheio de personalidade. Após a morte do Max, a Verónica começou
estranhamente a perguntar por ele, nunca o tinha feito, deduzimos que era a
alteração da rotina mas não ela queria-o de volta e ainda hoje, faz agora em
Março 3 anos que eles nos deixou e ela ainda repete o nome dele pensativa.

A Verónica parecia não ligar nenhuma ao Jake mas era volta e meia
apanhada a observar o cão, de vez em quando perguntava pelo Max e ficava nos
pensamentos dela. Como qualquer cachorro, roía tudo cá em casa, inclusive fomos
de urgência à veterinária uma vez por causa de lhe ter sido arrancado um dente numa
das suas peripécias com uma caixa decorativa, na nossa ausência claro. Então um
dia, vou eu serenamente calçar os ténis da Verónica, os únicos que ela aceitava
calçar e vejo que estavam completamente destruídos por ele, tentamos explicar a
ele e para nossa surpresa não ficou sequer chateada, riu-se e deixou passar,
ficamos atónitos sem saber o que pensar e começamos a ficar ainda mais atentos
a eles os dois.

Estava tudo a correr lindamente, o que não surpreendeu nem mesmo a
veterinária e então, começou a parceria dos disparates, sempre que a Verónica
queria fazer asneiras desafiava e chamava o cão, quando víamos o cão a fugir de
nós mal nos aproximávamos da situação percebíamos que havia algum disparate dos
grandes. A última grande que aconteceu cá em casa foi uma inundação na casa de
banho, a meio da noite a Verónica levantou-se sem ninguém dar por isso, só o
Jake. Resolveu despir-se toda, e encher a banheira toda com água mas antes
colocou cerca de três rolos de papel higiénico na banheira e claro entupiu tudo
e a água transbordou saindo até da casa de banho para o corredor, isto tudo às
quatro horas da manhã. O Jake em vez de chamar alguém como faz noutras
situações resolveu partilhar aquele momento com ela e quando demos conta
estavam os dois aos saltos a chapinhar na água do chão da casa de banho. Imaginem
acordarem àquelas horas e assistirem à cena, ainda hoje a Verónica olha para a
banheira e ri-se que nem uma perdida, imagino só a diversão daqueles dois….agora
acordo sobressaltada para ver se não estão na casa de banho.



Fiquem bem e mimem os vossos miúdos….as
crianças e claro os patudos!
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